Edgar Morin é referência em estudos sobre Complexidade humana e Autonomia,por isso vale ressaltar um trecho muito interessante de seu texto “Antropologia da liberdade”: “Somos autômatos, sonâmbulos, possuídos. Mas também podemos ser conscientes de nosso sonambulismo, automatismo e possessões. Somos máquinas na maioria das vezes triviais. Mas também somos sujeitos conscientes, capazes de auto-afirmação. É por isso que somos também máquinas não-triviais. De certo modo, podemos tomar posse daquilo que nos possui. O círculo da dupla possessão prolonga e transforma o círculo da autonomia/dependência. A auto-afirmação do sujeito se apropria daquilo que o possui sem deixar de estar possuído. Assim como podemos possuir o amor que nos possui, o sujeito consciente também pode possuir aquilo que o possui. A consciência é a emergência de muitas possessões possuídas, dependências produtoras de autonomia, metaponto de vista reflexivo de si sobre si, metaponto de vista de conhecimento do conhecimento. É também a condição da liberdade humana. A auto-afirmação do sujeito (subjetiva) é o ato pelo qual ele se apossa de suas possessões, o ato de apropriar-se de seu destino. Na consciência está o ato de auto-afirmação do sujeito e no ato de auto-afirmação do sujeito está o ato de auto-afirmação da consciência. Claro está que as concepções dominantes que ignoram o sujeito, a consciência, a criatividade, são incapazes de perceber a autonomia e a liberdade. O sujeito está no centro da autonomia humana: nele está a consciência, a reflexividade, a existencialidade”.
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